segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Crônica de uma noite de insônia


Sexta à noite, em São Paulo, lá fora a cidade não dorme. Em casa, não durmo eu.

O relógio do celular aponta as 2:04 da madrugada. Eu poderia estar na balada ou cercada de amigos em qualquer canto, bebendo ou fazendo o social, em algum restaurante ou um barzinho descolado. Poderia até ser um boteco. Poderia ser o banco de uma pracinha deserta de cidade do interior. Poderia ser a casa da bff com netflix e brigadeiro. Poderia ser uma noite de karaokê com as amigas. Mas não amigos. Essa Mariana está cansada.

Esse post não é sobre querer um namorado. É sobre querer se apaixonar.

Ser solteira é uma das liberdades que aprendi a valorizar depois de dois relacionamentos "fracassados". Nada no mundo compra o prazer da minha liberdade hoje. Ser livre pra fazer escolhas é a felicidade dos novos românticos. E digo novos românticos porque gostar de ser solteiro não significa não ter sentimentos! Quando eu gosto movo mar e montanhas pra ficar com a pessoa. Mas enquanto alguém tão significativo não aparece, não me permito dores de cabeças irrelevantes. Porque amores efêmeros não merecem meu tempo.

Gostar de ser solteiro não é sinônimo de desapego não, minha gente! Solteiro também gosta e solteiro também sofre. Nossa dor é diferente, porque normalmente se deve à não ter a pessoa desejada, e não à enfrentar problemas com aquela pessoa. É um sentimento meio platônico, ligado ao inalcançável.

Enquanto alguém que vale a pena não aparece frequento todos os programas comuns à pessoas do meu status: bar, festas, balada, e qualquer outro programa, porque ser solteiro não significa não poder ir ao cinema sozinho, ou não poder passar a sexta à noite em casa. Malditas convenções sociais.

Mas chega uma hora que, um tempo depois do término de um grande/difícil/torturante relacionamento, a novidade dessa liberdade passa. E então esse tão incrível mundo do "não devo nada pra ninguém" deixa de te fascinar. 

Ir a uma micareta e ver pessoas se beijando aos montes passa a não fazer sentido pra você. Sério mesmo, qual a graça nisso? Você começa a acreditar que encher a cara é estúpido. O efeito entorpecedor do álcool nas suas veias te desinibindo deixa de ser tão atrativo. É sempre a mesma coisa. Alegria excedida, liberdade, empolgação, perda de consciência (em alguns casos), fazer besteira. E mesmo permanecer no nível da alegria excedida não te leva à nada, a não ser, ser o que você não consegue sem a ajuda desse "amigo", e é ridículo pensar que você precisa dele pra se sentir bem e se divertir.

Paquerar cansa.. Porque dá um trabalho danado fazer parte desses joguinhos que a paquera requere. Sério, acho que meu cérebro não acompanha mais o ritmo. Chega um momento que dá preguiça ir a uma balada e ter que encarar aquele cara que você achou gato pra caralho, mas que é tão gato que não vai chegar nunca em você, ou porque sabe que é gato e acha que o universo gira em torno dele, ou mesmo ter que rejeitar aquele insistente chato, ou aquele sem noção que já chega colando a boca na sua..

E então, de repente você se vê no sofá de casa sexta-feira à noite e tudo o que você precisa é um abraço, um cafuné ou um chamego de alguém que te conforte o coração. E não precisa ser amor. Eu to falando de paixão.. a paixão me encanta, porque é um sentimento tão intenso e ao mesmo tempo, passageiro. É o sentimento perfeito para o tipo de pessoa que não quer um compromisso, mas quer sentir algo. Porque não sentir nada nos deixa tão vazios. E por isso aliar uma dose de sentimento à essa dose de libertinagem.

Encontrar alguém que a sintonia bate, mas os estilos de vida não permitem que fiquem juntos, e mesmo assim, se esforçarem pra viver aquela aventura, que ambos sabem, tem data de validade, é para os fortes.. para os que arriscam. E não tem coisa melhor do que isso, se entregar à uma pessoa, independente se vocês vão namorar! Apenas pela emoção do MOMENTO.

Porque a vida, meus caros, é feita de momentos! Então parem de mimimi. A necessidade da carne existe pra todos, e a do coração também. Viva os romances casuais e os corajosos! Porque uma vida sem sentimento é uma vida sem sentido.

E Deus me livre dos covardes, desse mal eu não morro.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Tive o match!


Hello people,

Lembra da primeira família que contei que sumiu após nosso skype? Então.. Vou continuar a contar a história a partir daí.

Depois daquele primeiro desastroso skype e a família desaparecer sem nenhum email, passei a semana, deprimida, tentando entender porque eles haviam sumido. Afinal, a host mom tinha dito que achou meu perfil perfeito e nem acreditava que eles eram minha primeira família (e eu fiquei toda orgulhosa né!). Passei a semana toda pensando neles, pesquisando sobre aquela cidade, conversando com várias pessoas sobre toda a história e analisando se eu deveria ir atrás deles, se valia a pena. Coloquei os prós e os contras na balança e então decidi que queria aquela família e ia tentar de novo.

Dia 18 de janeiro, uma semana após o nosso skype e muito pensar, criei coragem e na fé, mandei um email para a host mom. Comecei dizendo que desde o nosso skype não conseguia parar de pensar neles. Depois me desculpei pelo meu inglês, dizendo que estava nervosa, mas garantia que podia falar muito melhor que aquilo e pedi uma nova chance, prometendo que ia provar que eu era a melhor au pair para aquelas crianças (sim, olha que convincente! hahaha). A host me respondeu dizendo que também tinha gostado muito de me conhecer, mas que como eles estavam em rematch, ela decidiu procurar por meninas já em rematch, pois conseguiriam chegar mais rápido lá, mas que nenhuma havia interessado ela. Fomos mais prudentes e dessa vez marcamos um skype para o dia seguinte.

Passei o dia tooooodo respondendo aquelas questões do post anterior para estar bem afiada para nossa entrevista. Dessa vez, Daphne, a menina de 3 anos, estava na sala brincando, e a bebê de 6 meses estava na cozinha com o pai, que me cumprimentou de longe. Conversamos bastante durante o skype e fiz amizade com a menina Daphne, que toda hora aparecia na frente do computador para trocar palavras comigo ou jogar um lençol sobre a tela na tentativa de brincar de esconde-esconde. A host terminou dizendo que adoraria ter o match comigo e que ia me mandar um documento com as regras da casa para que eu pudesse pensar bem e fazer a decisão certa, e no dia seguinte poderíamos ter outro skype. Eu ofereci à ela as 80 questões que havia respondido, porque tinha comentado sobre elas, e fiquei de mandá-las por email. Yes! Ela tinha dito match?

Quando recebi aquele email, que susto! Eram três documentos: um com as regras da casa, um com a rotina das meninas e um com os meus horários. Meu deus, quanta regra! Eram regras do tipo: não tachar ou pendurar nada nas paredes do quarto sem permissão, não levar hóspedes sem permissão, dirigir dentro de um raio de x milhas com as crianças no carro, verificar o cinto de segurança nelas 3 vezes, não sair do estado com o carro, etc. Conversei com várias meninas perguntando se era normal ter tantas regras e elas disseram que sim, e que famílias que não tinham regras eram desorganizadas. Então ponto positivo pra eles. Minha host poderia ser sistemática e extremamente organizada, mas pelo menos isso pode significar que ela nao quebrará as regras, ja que espera que eu não o faça. Essas regras me ajudaram bastante a elaborar as minhas perguntas para ela, afinal, agora era a minha vez. Todas as dúvidas que tinha coloquei num documento e mandei por email. Eram 26 questões no total.

No nosso terceiro e último skype a host estava sozinha em casa com as crianças. Ela me mostrou a casa toda e, sim, meu quarto é lindo <3 tenho uma cama king size, mas a tv é uma porcaria velha. Tenho banheiro no quarto e btw, tenho meu próprio carro! E então ela foi alimentar as crianças na minha frente, me fazendo sentir já bem integrada e próxima à eles. Enquanto ela alimentava Anastasia, a bebê, Daphne me oferecia chazinho e a janta de mentirinha que ela estava preparando. Como amei aquelas crianças! A host respondeu todas as questões que mandei pra ela ali, ao vivo, e disse que eu tinha ótimas perguntas, e também que as 80 questões que mandei haviam sido muito úteis. No final da conversa ela disse estavam muito felizes em ter o match comigo e que iria me mandar a proposta oficial. Felicidade definia. Era sexta-feira, 22 de janeiro, o dia que aceitei meu match, após 3 conversas de 50 minutos cada por skype!

Estou indo para West Des Moines, subúrbio de Des Moines, a capital do estado de Iowa. Posso estar indo para uma porcaria de cidade, who knows?, só vou descobrir lá, mas já pesquisei bastante, inclusive, JÁ fiz amizades! (thanks to okcupid), e parece que não vou me arrepender. Em um mês estarei em New York para o treinamento da APC e não vejo a hora de por os pés na terra do Tio Sam. Nesses 11 dias desde o match já teve stress, correria, pulos de felicidade, choro de saudade.. Mas o que prevalece é, definitivamente, um misto de serenidade e equilíbrio por estar tudo caminhando bem, com a ansiedade e expectativa por, finalmente, estar tudo caminhando para o rumo esperado. Agora só estou curtindo imensamente esse país maravilhoso e fazendo tudo que tenho vontade, sem perder oportunidades, pois já sei que vou sentir MUITA saudade! 

Agora vem Carnaval! 

Beijos people!